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sexta-feira, 14 de março de 2014

Notícias sobre a audiência pública internacional ocorrida na Comissão Interamericana em Washington no ano passado

Em Washington | 11/03/2013 16:01
Soldados da borracha do Brasil exigem pensões dignas na CIDH

Os "soldados da borracha" foram recrutados em regime militar pelo Governo ainda adolescentes para irem à Amazônia e contribuir nas tarefas de extração de borracha vegetal

João Ramid/Veja
Amazônia
Depois da guerra os "soldados da borracha" foram desmobilizados, mas muitos deles não puderam retornar para suas casas, permanecendo na região com as seqüelas do duro trabalho na selva
Washington - Uma representação de parentes e "ex-soldados da borracha" se deslocaram nesta segunda-feira até Washington para pedir perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que obtenham pensões "dignas" e sejam plenamente reconhecidos pelo Governo.

A maioria dos chamados "soldados da borracha" que ainda vivem têm mais de 75 anos (alguns deles superam os 90 anos) e foram recrutados em regime militar pelo Governo ainda adolescentes para serem deslocados à Amazônia e contribuir nas tarefas de extração de borracha vegetal, como esforço de guerra para as potências aliadas.

Tratou-se, portanto, de um recrutamento militar, por isso que desde o fim do anos 80 a administração brasileira os reconhece como tais e concede duas pensões mínimas por mês, uma compensação que, de acordo com vários dos parentes e os próprios afetados, "em muitas ocasiões não chega a ser efetiva".

"Um dos maiores problemas é que, para ter acesso à pensão, os ex-soldados têm que demonstrar seu passado com documentos e provas escritas, quando muitos deles perderam tudo por causa de inundações e as inclemências próprias de uma região selvática", apontou na audiência Carlos Eduardo, defensor público do estado do Pará (Brasil).

"Nem todos os soldados da borracha foram reconhecidos", disse o advogado, que lamentou a "falta de respeito" aos "militares enviados à Amazônia em condições muitas vezes sub-humanas" e agora, na velhice, "são tratados de maneira pejorativa".

Depois da guerra, os "soldados da borracha" foram desmobilizados, mas muitos deles não puderam retornar para suas casas e permaneceram na região, vivendo com as seqüelas do duro trabalho na selva. "30 mil homens faleceram em 1946", lembrou Eduardo.

O advogado conta com a companhia de José Soares da Silva, de 93 anos, e Antonio B. Silva, de 89, ambos ex-soldados, além de Edna Comesanha, filha de um ex-soldado de 86 anos que não pôde viajar para Washington por motivos de saúde.

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