Guerreiros da selva amazônica - Jornal O povo
Soldados da Borracha, do pesquisador
norte-americano Gary Neeleman, será lançado hoje, às 19 horas, no Espaço
O POVO de Cultura & Arte
DIVULGAÇÃO
No alto, navio de guerra usado no
transporte de soldados e mercadorias. Acima,os %u201Carigós%u201D, e o
cearense João Rodrigues Amaro
Cerca de 55 mil
nordestinos viajaram até a Amazônia nos anos da II Guerra Mundial para
extrair a borracha que supriria a demanda dos Estados Unidos e dos
exércitos Aliados no conflito. Com condições precárias de alimentação,
saúde e estadia, os “soldados da borracha” foram morrendo aos milhares,
vítimas de doenças como malária, febre amarela e dengue. Foram
aproximadamente 26 mil mortes. Em comparação com as estatísticas de
mortos nas linhas de guerra, o número assusta: menos de 500 soldados
brasileiros morreram na Itália.
“Foi, sem dúvidas, um dos
mais importantes sacrifícios da Guerra”, reflete o jornalista e
pesquisador norte-americano Gary Neeleman, que ao lado de sua esposa, a
professora Rose Neeleman, escreveu o livro Soldados da Borracha: O
Exército Esquecido que Salvou a Segunda Guerra Mundial. Publicado pela
Editora Universitária da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (PUC-RS), o livro será lançado hoje, às 19 horas, no Espaço
O POVO de Cultura & Arte.
“Em
minha opinião, os brasileiros em geral têm pouco interesse pelo que
aconteceu no território amazônico. Eu penso que é muito importante que
as pessoas daqui conheçam a tremenda contribuição do Brasil para a
vitória na II Guerra Mundial”, explica Gary, que descobriu a história
dos soldados da borracha quando fazia pesquisas para seu livro Trilhos
da Selva, publicado em 2012, sobre a história dos homens que construíram
a estrada de ferro Madeira-Mamoré, também na Amazônia.
Enquanto
desenvolvia suas pesquisas sobre os soldados da borracha, teve acesso
aos arquivos do Congresso dos Estados Unidos e encontrou mais de 300
páginas com telegramas, informações de transações e fotos que
explicitavam as negociações realizadas com o governo brasileiro. Muitos
desses documentos foram incluídos no livro, que conta com rico conteúdo
gráfico e ampla sessão de referências e notas para consulta.
Gary
tem uma relação de longos tempos com o Brasil. Veio ao País pela
primeira vez no início da década de 1950, como missionário da Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. “Eu me apaixonei pelas pessoas
e pelas belezas do País e sempre quis voltar pra cá”, relembra. No
final daquela década, em 1958, voltou ao Brasil como correspondente e
aqui permaneceu até 1966, cobrindo os principais acontecimentos de nossa
política. Nos últimos 14 anos, Gary vem atuando como cônsul honorário
para o Brasil no estado de Utah, nos Estados Unidos.
O pesquisador baseou parte de sua investigação na série de reportagens especiais publicadas pela jornalista Ariadne Araújo no
O POVO,
em 1998. Intitulado Soldados da Borracha: A Saga dos Arigós, o
suplemento revelava a situação de escravidão a que os soldados eram
submetidos.
Na ocasião do lançamento de Soldados de Borracha, o
professor e pesquisador do departamento de história da Universidade
Federal do Ceará (UFC), Eurípedes Funes, vai mediar o debate entre o
público e os autores do livro. Eurípedes, que esteve na região Amazônica
durante sua pesquisa de doutorado, acredita que são muitas as histórias
curiosas envolvidas nesse trabalho: “Pra mim, que convivi com vários
soldados e dialoguei com muitos deles, o que mais me toca e fascina em
suas narrativas é a saudade que eles sentem dos seus. Muitos dos que
ainda ali estão nunca voltaram aos lugares de onde partiram, nem reviram
os familiares”.
Serviço
Lançamento do Livro Soldados da Borracha
Quando: hoje, às 19 horas
Onde: Espaço
O POVO de Cultura & Arte (av. Aguanambi, 282 - José Bonifácio)
Preço: R$85 (e-book R$14,90)
242 páginas ediPUCRS